Histórico
As origens do atual município de Barão de Cocais remontam ao início do século XVIII, quando a ocupação de terras mineiras associou-se às possibilidades de enriquecimento rápido através da exploração mineradora.
Publicado em 09/10/2017 13:33
As origens do atual município de Barão de Cocais remontam ao início do século XVIII, quando a ocupação de terras mineiras associou-se às possibilidades de enriquecimento rápido através da exploração mineradora.
Sua origem data das mais antigas explorações dos bandeirantes, que se enveredaram pelos lugares inexplorados em busca de ouro e pedras preciosas.
Em 1713, bandeirantes portugueses e brasileiros, procedentes do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, deslocando-se do povoado “Socorro”, onde se achavam estabelecidos, desceram o rio, percorrendo uma distância de aproximadamente dez quilômetros, e no lugar a que deram o nome “Macacos”, construíram suas cabanas e uma pobre capela, coberta de palmeiras, sob a invocação de São João Batista, e, porque tal povoado tivesse sua colocação às fraldas de um extenso morro, juntaram-lhe o qualificativo, de “Morro Grande”.
O historiador Waldemar de Almeida Barbosa, afirma que os bandeirantes decidiram se fixar no lugar porque encontraram Boa Pinta, ou seja, descobriram novas minas de ouro. A notícia do metal amarelo abundante atraiu novos elementos, casas foram edificadas ao longo das voltas do rio, surgindo assim o bairro dos macacos, núcleo principal de Morro Grande.
Sendo bem sucedidos aqueles bandeirantes em suas explorações e tendo ecoado em outros lugares aquele sucesso, fizeram como é natural, que novos forasteiros, para ali transferissem também as suas moradias, iniciando daí construções de novas casas que se multiplicaram, até que do povoado “Macacos” começou a estender uma única rua, a qual obedeceu às denominações sucessivas de “Macacos”, “Chafariz”, “Largo”, “Canto” e “Fim”, sempre com novas construções, tendo atingido naquela época uma centena de casas habitadas.
Posteriormente, continuou o progresso do arraial de Morro Grande, o Barão de Cocais de hoje, com as construções de habitantes mais confortáveis, até que, em 1764, deram início a um grande feito que orgulhou Morro Grande, qual seja, a construção da Matriz localizada na Praça principal do Distrito.
Indicando o desenvolvimento e organização social do povoado, a Capela de São João Batista foi instituída igreja episcopal por previsão de 1749 e dez anos depois a Irmandade do Santíssimo Sacramento decidiu pela substituição da primitiva capela por um novo templo, mais requintado e de maiores proporções, o qual deveria obedecer a risco e planta encomendados na Metrópole.
Aberta a concorrência, a obra foi arrematada por Miguel Gonçalves de Oliveira em setembro de 1759, por vinte e cinco mil cruzados e trezentos e cinqüenta mil réis. Entretanto, dificuldades financeiras, aliadas a defeitos apontados no projeto, protelaram por alguns anos o início dos trabalhos.
A constatação de pagamento efetuado a José Coelho de Noronha em 1762 “pelo risco que fez para a Igreja Nova” indica alguma atuação do artista no projeto de 1759. Contudo, outro importante documento sobre a origem da edificação, a ata de reunião da Irmandade do Santíssimo Sacramento de 12 de Janeiro de 1763, revela que persistia ainda naquele momento uma insatisfação com o projeto disponível, levando os irmãos, em consenso com o arrematante Miguel Gonçalves de Oliveira, a decidirem pela elaboração de um novo risco, que tirasse “todos os defeitos do primeiro”.
Segundo avaliação de especialistas, este novo risco, adotando modificações fundamentais no projeto original, o Aleijadinho.
Segundo relatório elaborado pela fundação João Pinheiro, datado de 16 de maio de 1975, a capela-mor, que em 1798 teve iniciada a sua construção, foi demolida dando lugar a outra em 1969, edificada pelo engenheiro Frei Francisco.
Foram gastos 21 anos para a conclusão da Matriz, que foi inaugurada em 1785.
E assim por diante, novas ruas eram traçadas e novas casas construídas, tomando Morro Grande um aspecto sempre melhor, sempre crescente no seu progresso, donde se previa um futuro promissor. E o que se previa foi realizado, sendo elevado o conceito desse distrito por comentários abonadores em diversos recantos do país e do estrangeiro, pois dão origem a esses comentários, o ferro e o aço que dali advêm, oriundos de bem montada a usina que engrandeceu aquele pequeno rincão mineiro.
Seguia a rotineira marcha progressiva dos pequenos distritos, cujo incremento de vida dependia de algo que trouxesse algum desembaraço, quando em 1925, foi o distrito visado pela diretoria da Cia. Brasileira de Usinas Metalúrgicas, cujo objetivo consistia na montagem de uma usina filial produtora, de matéria-prima, isto é: ferro gusa, para ser beneficiado nas grandes usinas de Neves, no Estado do Rio, pois a reserva do minério que ali encontraram era deveras de considerar como uma grande riqueza à espera de braços fortes que a manejassem para tirar dela proveito.
A Igreja Matriz de São João Batista foi tombada pelo IPHAN, atual IBPC, em 8 de setembro de 1939, de acordo com processo nº. 75, inscrição nº240, do livro de Belas Artes.
A Igreja Matriz foi elevada a Santuário São João Batista no dia 15/01/2006.
Formação Administrativa:
Distrito criado com a denominação de Morro Grande, pelo alvará de 28-01-1752, e por Lei Estadual nº 2, de 14-09-1891, subordinado ao município de Santa Bárbara.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Morro Grande, figura no município de Santa Bárbara.
Assim permanecendo em divisão administrativa referente ao ano de 1933.
Em divisão territorial datada de 31-12-1936 e 31-12-1937, o distrito aparece com a denominação de São João do Morro.
Pelo Decreto Lei Estadual nº 148, de 17-12-1938, o distrito de São João do Morro volta a denominar-se Morro Grande.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o distrito de Morro Grande ex-São João de Morro Grande, figura no município de Santa Bárbara.
EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO:
No ano de 1942 foi formada uma comissão pró-emancipação do Distrito de Morro Grande do Município de Santa Bárbara. Composta pelos:
Engenheiros: Alencar Peixoto e Waldir Enrich Soeiro,
Industrial: José Gomes Gonçalves,
Comerciantes: Amable Perez Rodrigues e Álvaro Carlos Pereira,
Odontólogo: Neddy Coutinho Gosling,
Fazendeiro: Raimundo Pessoa,
Médico: Euclides Gualberto de Souza,
Industriário: Pedro Augusto Gonçalves,
Operário: Minervino Cirilo,
Desportista: José Rui Lage,
Padre: Braz Morais Silva.
Os membros desta Comissão, que foram escolhidos pelos habitantes de Morro Grande, pleiteavam o desmembramento do Distrito de Morro Grande, do Município de Santa Bárbara com base no Decreto-Lei Federal n.º 11/38 nos Decretos-Lei Estaduais de n.º 88/38 e 148/38. O Distrito atendia às condições estipuladas nestas leis e esta comissão foi encarregada da elaboração de um histórico da localidade, desde a sua fundação, e de um relatório sócio econômico do Distrito, a ser enviado ao Governador do Estado Benedito Valadares.
Como o novo Município não poderia se chamar São João, por ser este um nome já utilizado, foi escolhido, entre os nomes indicados, o do personagem mais ilustre da região – Barão de Cocais. O Decreto-Lei Estadual n.º 1058 de 31 de dezembro de 1943, cria o Município de “BARÃO DE COCAIS”.
O Barão de Cocais – José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, um dos mais proeminentes políticos da região, durante o Primeiro e o Segundo Império e um dos sócios da Companhia de Mineração Brasileira da Serra dos Cocais.
Nasceu em 1º de dezembro de 1792, na Fazenda da Cachoeira, dois Km da Vila colonial de Cocais. Era filho do brigadeiro Antonio Caetano Pinto Coelho Cunha e de Anna Cassemira Furtado Leite.
Ele foi enviado pelos pais para estudar no Rio de Janeiro, onde acabou ingressando no Exército Imperial, alcançando a patente de Tenente Coronel. Obteve sólida educação palaciana, chegando a ser camareiro da família Imperial e, como fidalgo, recebeu o título de Cavaleiro e Comendador da Ordem Imperial de Cristo.
Em 1.819, casa-se com Antonia Thomásia de Figueiredo Neves na capela de Santa Quitéria, em Catas Altas do Mato Dentro. Do enlance matrimonial teve quatro filhos, nascidos na sua residência na Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro. Em 1.822, participa do movimento da Independência do Brasil e, em 1.830 elege-se Deputado Geral do Império, em sucessivas legislaturas até 1.838. Em 1.848 torna-se empresário ao fundar a Companhia de Mineração Brasileira da Serra de Cocais, em associação com os ingleses da National Mining Company,sediada em Cocais. O regente Feijó, em 1835, nomeia-o governador da província de Minas Gerais e em 1.840, volta a maioridade de D. Pedro II.
Em 1.842, é aclamado governador interino de Minas Gerais, em Barbacena, aceitando ser Comandante-Chefe da Revolução Liberal de Minas, ao lado de Teófilo Otoni Limpo Abreu, Cônego Marinho e outros. Como estrategista militar, vence todas as batalhas, mas resolve recuar no quartel-general de Santa Luzia,para atender o pedido de pacificação do Duque de Caxias,que o visita na Vila de Cocais. Cassados os seus direitos políticos, dois anos depois e anistiado, reelege-se Deputado Geral de 1.844 a 1848. Devido a sua lealdade a Coroa Brasileira, D. Pedro II resolve titulá-lo Barão, com grandeza em 1.855.
O Barão de Cocais no final da vida foi acometido de turbeculose, vindo a falecer no dia 9 de julho de 1.869, sendo sepultado no interior da Igreja de Santana, em Cocais.
INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO:
No dia 1º de janeiro de 1944, foi realizada uma Sessão Solene Inaugural do Quadro Territorial da República quinquênio de 1944-1948, realizada na cidade de Barão de Cocais. Sob a Presidência do Senhor Doutor Hélio Moreira dos Santos, Prefeito Municipal de Santa Bárbara, na forma da lei, autoridades e pessoas com significativa assistência, para o fim de se declarar efetivamente em vigor para todos os efeitos, a partir da citada data até 31 de dezembro de 1948, o novo quadro territorial da república fixado, para o Estado com o Decreto Lei n.º 1.058, de 31 de dezembro de 1943, na conformidade das normas gerais estabelecidas na Lei Orgânica nacional n.º 311, de 2 de março de 1938, na parte referente às circunscrições que têm sede nesta cidade, e os distritos de Bom Jesus do Amparo e Cocais.
Pela Lei Estadual nº 1039, de 12-12-1953, desmembra o município de Barão de Cocais o distrito de Bom Jesus do Amparo. Elevado a categoria de município.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
A sessão de instalação da Câmara Municipal de Barão de Cocais foi realizada no dia 6 de dezembro de 1947 sob a Presidência do Dr. Edmundo Bicalho Filho Juiz de Direito e Eleitoral.
A sede atual da Câmara Municipal foi inaugurada no dia 18 de abril de 2008. O edifício recebeu o nome D. Luciano Pedro Mendes de Almeida, em homenagem ao religioso jesuíta e bispo católico, filósofo e teólogo. Dom Luciano foi um defensor da justiça, da ética e da verdade.
A Comarca de Barão de Cocais foi instalada a no dia 23 de outubro de 1955.
Hoje o município de Barão de Cocais tem área total de 342,45 km2 e possui 28.422 habitantes (Censo 2010).
Atualmente a cidade é próspera, em franco desenvolvimento, com várias empresas se destacando na cidade, como Gerdau e Vale.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Barão de Cocais é 0,722, em 2010.
BIOGRAFIA:
Acervo do Centro de Referência História de Barão de Cocais
Site do Santuário São João Batista: http://santuariosjb.com.br/santuario/
Site do IBGE: http://www.ibge.gov.br
por Câmara